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No Paraíso
Naquele dia, no morro da Caveira, algo nunca ocorrido aconteceu.
De modo geral, o que se ouvia, nesses momentos, eram os lamentos dos que padeciam dores atrozes na crucificação.
Por vezes, imprecações violentas, dos condenados revoltados, explodiam como trovões em dias de tempestades.
Os que ficavam ali, ao pé das cruzes, familiares, amigos ou apaniguados demonstravam diferentes reações.
Mães choravam a dor dos filhos na situação amargurada. Companheiros dos mesmos crimes agradeciam, intimamente, por não terem sido descobertos, presos e padecerem aquela mesma punição.
Mas naquele dia tudo transcorria de forma diversa.
O Homem na cruz do meio quase não conseguira concluir a caminhada da praça da sentença ao Gólgota.
A flagelação que sofrera, a perda de sangue, a desidratação O haviam feito cair por três vezes, no percurso.
Não emitira nenhum queixume durante o processo de fixação dos Seus membros ao madeiro. Nem quando fora erguida a cruz.
DEle somente se podia ouvir o arfar penoso dos pulmões tentando encher-se de ar, num esforço infrutífero, pela terrível posição no madeiro.
Então, o criminoso da esquerda, em sua revolta, não sabendo a quem mais agredir, gritou: Você não é o Messias? Não é Aquele que fazia milagres? Por que não se liberta e também a nós? Onde está o Seu poder?
Quem respondeu, ofegante, foi o crucificado do outro lado:
Cala tua boca. Tu e eu sabemos que merecemos essa condenação. Este Homem, no entanto, é um justo, um inocente.
E olhando para o lado, reconhecendo a proximidade da morte, que lhe sussurrava aos ouvidos, pediu:
Senhor, quando entrares no Teu reino, lembra-te de mim.
Era o seu momento de consciência. Consciência de seus erros, das mentiras, dos enganos que se permitira.
Enganara a tantos: sua mãe, a noiva a quem prometera consórcio e uma vida de facilidades, os amigos.
O homem do meio o olhou, compadecido:
Em verdade te digo: hoje, estarás comigo no paraíso.
* * *
No transcorrer do tempo, de uma forma apressada, entendemos que com aquele pedido de socorro, de arrependimento, Dimas, chamado o bom ladrão, estava perdoado de todos os seus desacertos.
Jesus o receberia em Seu reino, depois da morte, para gozar das venturas celestiais.
Mais de uma vez, nos indagamos: Será assim tão simples? Tão rápido?
É preciso entender a inflexão das palavras do Messias: Eu te digo: hoje, isto é, agora, estarás comigo no paraíso.
Verbo no futuro.
Jesus assegurava que começava a sua jornada de redenção, naquele hoje.
Estaria com ele o Amigo Celeste, no seu novo trilhar da lei divina.
Esta é a grande mensagem. Estar com Jesus é estar na vereda da regeneração.
Quem de nós não deseja estar com Jesus no paraíso? O paraíso do agir corretamente. O paraíso de se sentir filho de Deus, a caminho do progresso.
Resgatar velhos erros ou equívocos recentes, sob as bênçãos do olhar compassivo de quem sabe que ainda somos falíveis.
Que, como dizia Paulo de Tarso, não fazemos o bem que queremos, mas o mal que não queremos, esse fazemos.
Conquistemos o paraíso com Jesus.
Redação do Momento Espírita, com transcrição
do cap. 7, vers. 19 da Epístola aos Romanos.
Em 24.9.2024
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