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Intervalo Compulsório
Ela estava desanimada com seu estado de saúde, nos últimos meses.
Fora acometida de males que não tinham explicações.
Perdera o equilíbrio físico, precisando constantemente ser amparada, para não cair.
A pressão arterial alternava-se entre picos extremos, sem o menor esforço realizado.
A busca por médicos, exames e medicamentos não resultavam em melhora alguma.
Juntas médicas não esclareciam as possíveis raízes da questão.
Impossibilitada de sair de casa, precisou abandonar atividades que exercia, em nome da caridade.
O máximo que conseguia, no cotidiano, sem se movimentar muito, era focar na tela do computador ou da televisão, onde procurava o que lhe pudesse acrescentar conhecimentos.
Percebia, no entanto, que a sensação que tinha era de que a cabeça estava oca, sem sustento, sem pensamentos, sem atração por tarefa alguma.
Ela não reclamava de dor, apenas aquele vazio, que não lhe permitia disposição para nada.
Certa tarde, assistindo um curso on-line sobre autoconhecimento, ela percebeu, nas entrelinhas, algum ponto que dizia respeito ao seu ritmo de vida.
Há décadas, ela se dedicava, sem intervalos, aos cuidados de um ente querido acamado.
Tudo dependia dela: administrar medicamentos, alimentação especial, manutenção da higiene, amor, carinho.
Horas e horas exaustivas, todos os dias, de cada semana, cada mês, anos a fio.
Enquanto isso, não deixara de cultivar a fé, com trabalhos assistenciais, com doação de si mesma em favor de quem precisasse.
Sempre fora apoio da família em qualquer circunstância.
Lia constantemente, para preencher sua sede de conhecimento.
Trabalhos manuais nunca lhe faltavam.
Tudo isso, sucedendo-se em mais de cinco décadas, sem um único período de descanso, de férias.
Era seu corpo, agora, que reclamava repouso. Esse era o seu grande problema.
* * *
Não podemos esquecer de que vivemos em um planeta, no qual nos servimos de uma das mais poderosas máquinas: o corpo físico!
Como todo equipamento, ele precisa de manutenção adequada, de certos momentos de parada para não se exaurir, não findar antes do tempo.
Para sinalizar essa necessidade, quando não se respeita a lei do repouso, de que todos necessitamos, o corpo dá seus sinais de alerta, exigindo intervalos compulsórios.
Importante termos em conta que, se Deus criou a lei de trabalho, vinculada à lei de progresso, também criou a lei de repouso.
Repouso que pode ser desvincular-se das tarefas de sempre, para fazer algo que refrigere a alma e descanse o organismo.
Assistir a um filme, passear pela praia, sair do ambiente doméstico onde as dificuldades são constantes.
Respirar o ar da manhã. Ter um feriado à vista. Férias mesmo que sejam curtas.
Todos precisamos disso.
Jesus, o bom pastor, após atender as dores do mundo, nas exaustivas horas do dia, retirava-se para estar com o Pai, em oração.
Portanto, trabalho, sim. Repouso, também. Tudo deve ter sua medida precisa, para não desgastarmos a máquina física antes do tempo.
Ela é o nosso instrumento de trabalho e nos merece todos os cuidados.
Redação do Momento Espírita
Em 11.2.2023.
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